A palavra Trigonometria tem origem
grega: TRI (três), GONO (ângulo) e METRIEN (medida). Etimologicamente, significa medida de triângulos. Trata-se, assim, do
estudo das relações entre os lados e os ângulos de um triângulo.
Apesar dos egípcios e dos babilónios
terem utilizado as relações existentes entre lados e ângulos dos triângulos, para resolver problemas, foi a atracção pelo
movimento dos astros que impulsionou a evolução da Trigonometria. Daí que, historicamente a Trigonometria apareça muito cedo
associada à Astronomia.
No séc. III a.C., Arquimedes de Siracusa no seguimento do trabalho que desenvolveu para calcular
o perímetro de um círculo dado o respectivo raio, calculou o comprimento de grande número de cordas e estabeleceu algumas
fórmulas trigonométricas.
As
medições e os resultados dos cálculos feitos pelos astrónomos eram registados em tábuas. As tábuas babilónicas revelam algumas semelhanças
com as tábuas trigonométricas.
Surgiu então,
na segunda metade do século dois a.C., um marco na história da trigonometria: Hiparco de Nicéia (180-125 a.C.). Influenciado pela matemática da Babilónia, acreditava que a melhor
base de contagem era a 60. Não se sabe exactamente quando se tornou comum dividir a circunferência em 360 partes, mas isto
parece dever-se a Hiparco, assim como a atribuição do nome arco de 1 grau a cada parte em que a circunferência ficou dividida.
Ele dividiu cada arco de 1° em 60 partes obtendo o arco de 1 minuto. Hiparco baseava-se numa única função, na qual a cada arco
de circunferência de raio arbitrário, era associada a respectiva corda.
Hiparco construiu
o que foi presumivelmente a primeira tabela trigonométrica com os valores das cordas de ângulos de 0° a 180°.
Assim,
Hiparco representou um grande avanço na Astronomia e por isso recebeu o título de “Pai da Trigonometria”.
Outra tábua, também
de cordas, mas mais completa foi construída por Ptolomeu (séc. II). Esta já possuía cordas para ângulos crescentes, desde
0º até 180º, em intervalos de 1/2 graus. O raio usado era diferente do de Hiparcus, sendo também fixo e muito grande. Note-se
que o facto de usar um raio muito grande diminui o uso de fracções.
Foi Ptolomeu (séc. II)
quem influenciou o desenvolvimento da Trigonometria, durante muitos séculos. A sua obra Almagesto contém uma tabela de cordas
correspondentes a diversos ângulos, por ordem crescente e em função da metade do ângulo, que é equivalente a uma tabela de
senos, bem como uma série de proposições da actual disciplina. No Almagesto reuniu os conhecimentos existentes na época sobre
Astronomia e Trigonometria e a que os árabes tiveram acesso. Estes introduziram os conhecimentos de Trigonometria para a Europa
através de Espanha.
A relação da Astronomia
com a Trigonometria fez com que esta se desenvolvesse aplicada a triângulos curvos de lados curvilíneos que se formam sobre
a superfície esférica. Assim, a Trigonometria Esférica desenvolveu-se anteriormente à Trigonometria Plana, o que se deveu
ao facto de a Trigonometria Esférica ser muito utilizada nos cálculos astronómicos e na navegação, sendo sistematizada por
árabes e hindus até meados do séc. XIII. A contribuição destes foi bastante grande, tendo calculado tabelas de senos para
intervalos com variação de 15’. A palavra sinus – seno – é a tradução, em latim,
da grafia árabe do sânscrito jyã. O seno correspondia a metade da corda do arco duplo e os árabes e os hindus usavam, geralmente,
círculos de raio unitário.
O recurso constante
ao círculo trigonométrico e a aplicação da Trigonometria à resolução de problemas algébricos é feita por Viète– séc.
XVI – que estabeleceu também alguns resultados importantes.
Contudo, foi Euler
(séc. XVIII) que, ao usar invariavelmente o círculo de raio um, introduziu o conceito de seno, de co-seno e de tangente como
números, bem como as notações actualmente utilizadas.
O primeiro vestígio do tratamento funcional da Trigonometria surgiu em 1635, quando Roberval fez o primeiro esboço de uma
curva do seno. Mas, a ligação da Trigonometria à Análise só é feita por Fourier (séc. XIX), como consequência do estudo dos
movimentos periódicos por ele efectuado.
As funções trigonométricas
como o seno, o coseno e a tangente, relacionam medidas de ângulos, a medidas de segmentos de recta a eles associados.
Actualmente a trigonometria não se limita a estudar os triângulos. Encontramos aplicações na mecânica,
electricidade, acústica, música, astronomia, engenharia, medicina, enfim, em muitos outros campos da actividade humana. Essas
aplicações envolvem conceitos que dificilmente lembram os triângulos que deram origem à trigonometria:
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Há métodos actuais de análise em medicina, onde são enviadas ondas
ao coração, de forma que efectuem interacções selectivas com os tecidos a observar
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Geodésia: estudo da forma e dimensão da Terra
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Método do momento eléctrico para cálculo de linhas de transporte de energia eléctrica: permite calcular com
grande sensibilidade a potência de transporte de linhas, as perdas e a distância a que ela poderá ser transportada
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Estudo da intensidade luminosa: calcula-se a intensidade luminosa irradiada por uma fonte luminosa para uma
determinada direcção
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Instrumentos de medidas de ângulos: topografia, ciência náutica e cartografia
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Numa pesquisa realizada em 1997, com engenheiros que actuam em empresas de grande porte da região da Serra Gaúcha,
foi constatado que a trigonometria é o conceito de matemática básica mais utilizado por eles no seu quotidiano
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